Amado povo de Deus, graça e paz! A liturgia, de hoje, remete à vocação do ser humano e à “transfiguração” do Senhor. Todos nós, somos vocacionados para amar e fazer da nossa vida uma oblação a Deus e ao próximo.
Na “espiritualidade vigorosa” dos nossos antepassados, o autor sagrado (Gn 12,1-4), põe em destaque um dos personagens mais importantes da história do povo de Deus, Abraão, o nosso pai na fé, entretanto, a bíblia apresenta um porém, sobre Abraão: Ele era de idade avançada, não tinha filhos, sua esposa (Sarah) era estéril e, aparentemente, inútil aos olhos da sociedade da época. Pois na mentalidade primitiva dos nossos antepassados, não ter filhos era como se fosse um sepulcro vazio, sem vida e sem descendentes.
É sabido que, na economia da vocação, o Espírito Santo de Deus se faz presente na vida e na história sagrada do povo de Israel. Pois o Deus dos “nossos pais na fé”, chama-nos pelo nome e nos envia em missão – Deus disse a Abraão: “Farei de ti uma grande nação e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção” (Gn 12,1). Abraão, põe-se a caminho rumo às promessas de Deus, em busca de terras, em busca de descendentes, além disso, em busca da “eternidade de Deus”, isto é, na vida mesma de Deus.
Para o Apóstolo Paulo, “Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa” (2Tm 1,9) – não por merecermos, mas por sua infinita graça encarnada na vida e na história da humanidade. Pois, Jesus, o Filho amado de Deus, fez “brilhar” sobre a vida humana a graça de Deus que vem em nosso auxílio. E em ação de graças, diz o salmista: “Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça” (Sl 32).
Contudo, no santo Evangelho deste domingo, no alto da montanha, lugar de silêncio e oração (lugar a parte), Deus “fez brilhar a vida e a imortalidade”, diante de Pedro, Tiago e João. Eles veem a glória de Deus se manifestar, testemunham a justiça do Cristo em união com Deus Pai, pela força do Espírito Santo.
Por fim, personagens importantes do Antigo Testamento, bem como, Moisés e Elias, aparecem no momento da “transfiguração” (transformação) do Senhor. Agora, com a “transfiguração” de Jesus, o novo Moisés, a completude da profecia de Elias (cf. Mt 17,12), se dá a conhecer completamente aos três discípulos, mostrando-lhes, a gloriosa justiça de Deus. Na transfiguração, Deus o aclama: “Este é o meu Filho amado, nele está meu pleno agrado: escuta-o! ” (Mt 17,5). Na transfiguração, Jesus se revelou com a aquilo que era e, com o que sempre será, carne da carne e do espírito do próprio Deus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:10).
Por pe. Rivaldo Oliveira da Silva, CSC
Capelão do Colégio Notre Dame