A cada ano, no mês de junho, a Igreja celebra a Solenidade em louvor ao Sagrado Coração de Jesus. Para nós, religiosos em Santa Cruz, essa festa litúrgica se reveste de um caráter especial, dado que nosso fundador confiou à Congregação, por meio dos padres, o cultivo desta devoção. Diversos aspectos podem ser extraídos dessa devoção, fonte de espiritualidade, dentre elas, a dimensão vocacional na Igreja.
A partir dos textos bíblicos da liturgia do Coração de Jesus, devem chamar nossa atenção a imagem do Coração transpassado (cf. Jo 19,34-37) e a imagem do Pastor (cf. Jo 10,11). As duas imagens são uma graça divina para meditar sobre o chamado que Deus faz a cada um de nós, para seguir seu Filho Jesus Cristo, com os ‘corações ardentes e pés a caminho’ (cf. Lc 24,32-33), como bem recordou a Igreja, no Brasil, por meio da vivência do 3º Ano Vocacional.
Sobre a imagem do Coração transpassado, em João, se lê: “Um dos soldados transpassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34). O Coração aberto de Jesus torna-se uma fonte de onde jorraram sangue e água, elementos que remetem aos dois sacramentos da vida da Igreja, a Eucaristia e o Batismo. No batismo, está o início da nossa vocação, primeiramente à santidade, à comunhão com Deus, à configuração com Cristo e depois, de nossa vocação especifica, seja por meio do matrimônio, da vida consagrada, do sacerdócio, seguindo, amando e servindo ao Senhor, nas pastorais e movimentos da Igreja e nas circunstâncias da vida.
Na Sagrada Escritura, o coração é o núcleo central do ser, de onde provêm as coisas boas, os desejos mais íntimos, puros, santos; as decisões mais acertadas; as escolhas que orientam o agir. Desse modo, Jesus nos fala e nos chama ao seu seguimento de coração a coração, do seu ao nosso, de sua interioridade à nossa, de sua humanidade perfeita às nossas imperfeições, de seu amor eterno ao nosso amor frágil e inconstante. Nele e não em nós, no chamado dele e não em nossas imperfeições devemos fixar nosso coração, nossos sentidos e nossa vida. Nossa vocação nasce do desejo do Pai e se enraíza no Coração de Cristo e, porque Ele nos chama do mais íntimo de Si, é essencialmente nosso Pastor. Essa é a outra imagem sobre que devemos meditar na nossa vocação.
Em sua realidade primeira, como se pode ler em passagens do Antigo Testamento, a imagem do Pastor aparece associada a Deus, que veio ao encontro de seu povo para salvá-lo e protegê-lo de falsos pastores (cf. Ez 35,1ss) e fazê-lo repousar em verdes prados (cf. Sl 22,2). No Novo Testamento, Jesus se apresenta como Pastor, que veio do Pai para dar a vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,11). Como Pastor ele viveu, vindo sempre ao nosso encontro (cf. Lc 15,1-7). Como Pastor, ele continua a passar por nossos caminhos, chamando-nos ao seu seguimento para o Pai.
Olhando estas duas imagens intimamente relacionadas a Cristo e conscientes da graça do nosso chamado, perguntemo-nos: o que oferecer ao Senhor por tanto amor e tanta bondade? Nada além de nós mesmos, do nosso sim, pequeno, frágil, limitado, mas agradável a Deus se for pronunciado do íntimo do nosso coração, com verdade e sinceridade; nada além da nossa gratidão por reconhecer em Cristo a fonte de toda benção (cf. Ef 1,3); nada além de nossa disposição em seguir os passos de Jesus na imitação de sua vida nos caminhos da história; nada além de nossa conformidade ao Senhor, à sua cruz em todos os momentos da vida, não somente nas alegrias, mas também nas dificuldades; nada além de um coração apaixonado por Jesus, um coração contemplativo, capaz de escutar, render graças, louvor, adoração ao Senhor; nada além de um coração missionário. Que a Bem Aventurada Virgem Maria, São José, Santo André Bessette e Beato Basílio Moreau intercedam junto a Deus por nós e pela nossa vocação à vida religiosa consagrada em Santa Cruz.
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