Amados irmãos, amadas irmãs, estamos iniciando um tempo importante na liturgia, o tempo do Advento. Os textos propostos para esse domingo falam de revisão de vida, pois a reflexão aqui significa fazer uma profunda revisão e reparação dos nossos erros para nos aproximarmos do natal com o coração preparado.
Para isso é preciso atenção, cuidado, vigilância. É um tempo de alerta, como enfatiza o profeta Isaías durante estas semanas que antecedem o Natal (Isaías 63,16-17.19; 64,2-7). Ele é conhecido como o profeta da esperança. Não de uma esperança passiva, cruzando os braços e aguardando que algo novo aconteça ou chegue até nós conforme sonhamos. É uma espera ativa, comprometida, em que nos empenhamos para que essa vinda aconteça.
Com efeito, é de conversão que trata o profeta, que numa espécie de oração clamando a Deus que não deixe os seus filhos desviarem-se do caminho. São muitas coisas que nos desviam do caminho. Cabe aqui, a cada um, fazer uma lista dessas coisas e situações, e procurar corrigi-las. Esse é um bom propósito para o início do Advento.
Além disso, o Profeta lembra que muitas vezes temos o coração duro, e que a dureza do coração nos faz desviar dos caminhos de Deus. Pessoas insensíveis ou que se tornaram insensíveis. Esse é o tempo de eliminar o que não serve para a vida, fazer uma varredura no nosso coração, purificá-lo para acolher Jesus.
Com esses procedimentos internos nós teremos atitudes externas que revelarão a vinda de Cristo. O Apóstolo Paulo em carta aos Coríntios (1 Coríntios 1,3-9), manifesta a sua alegria por ver uma comunidade que abraça os projetos de Deus, sempre pronta a viver o evangelho proclamado e reparar os erros. Que alegria Deus sente por nós quando nos vê unidos, em comunidade dando testemunho da sua presença já entre nós. Esse anúncio dá-se através de atos que revelem a sua presença entre nós.
Por esta razão, esperar é ao mesmo tempo testemunhar e esperançar. Nisso consiste esse tempo de espera. Uma espera que se dá na ação, no comprometimento. Nisso consiste os motivos da alegria de Paulo nessa carta dirigida à comunidade de Coríntio. E o apelo do evangelho desse primeiro domingo do Advento é para estarmos vigilantes. Temos que ser vigilantes para não cair em tentação, pois ela configura-se de muitas maneiras e estão em toda parte, inclusive dentro da Igreja. Vigilantes para rever nossas falhas, omissões, vaidades, nossos erros e egoísmos e nossas ambições desordenadas. Vigilantes para detectar se nossas ações, principalmente na convivência com os demais são condizentes com a vida religiosa que vivemos.
Em vista disso, o evangelho começa com um pedido de atenção “prestai atenção” diz o texto. Quando alguém nos chama atenção é porque algo importante está para acontecer, ou algo precisa ser corrigido. Assim, começar o advento com esse pedido de alerta é sinal de que algo muito importante está por vir, e de fato está, e nós precisamos estar preparados. O Natal é uma das maiores celebrações do calendário litúrgico. Tempo especial para dar o melhor de nós, capacitando-nos e nos preparando para o advento do Senhor Jesus.
Portanto, um serviço de preparação para a chegada do Senhor que vem no natal. É hora de arrumar a casa do nosso coração, local que precisa estar bem arrumado com as luzes do amor, da justiça, da solidariedade e do comprometimento com as causas do REINO DE DEUS. Isso é vigilância (Marcos 13,33-37). Isso significa atenção, cuidado, vigilância no sentido estrito do termo. Eis o nosso desafio neste tempo litúrgico de preparação para o Natal do menino Deus.
Por Pe. Severino Gomes, CSC – Vigário paroquial