Graça e paz! Amados irmãos e irmãs, estamos no quinto domingo do tempo comum, e a liturgia nos convida a celebrarmos a partir das dores e dos sofrimentos do povo de Deus, que carrega, na pele e no rosto, a marca da injustiça e da desigualdade que nos desumanizam e despedaçam o coração de Deus.
Como predissera Jó: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? (Jó 7,1). De fato, quem direciona o seu olhar para os pequeninos do Senhor, isto é, os enfermos, empobrecidos, órfãos, viúvas e refugiados torna-se apóstolos da esperança e balsamo de misericórdia na vida de muitos irmãos e irmãs.
Como vemos, a vida é uma luta constante para sobrevivermos em um mundo dilacerado pelo ódio, egoísmo, fome, enfermidade e pelos flagelos da guerra que ceifam vidas de inocentes. A teologia da retribuição que lucra com os sofrimentos do povo de Deus é denunciada por Jó, teologia esta defendida pelos amigos dele. Uma teologia sem a graça e sem o Espírito do Senhor. Portanto, a verdadeira teologia é aquela que nos faz descobrir o rosto do Senhor na carne e na vida do povo sem vez e sem voz. Então disse o Senhor: “Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram” (Mt 25, 35-36).
Frente a isso, pela força do Espírito Santo, Jesus faz ecoar o projeto de Deus dentro da história humana. Aqui precisamente de forma simbólica, no Santo Evangelho deste domingo (Mc 1, 29-39) a sogra de Pedro, cujo nome não sabemos, simboliza a humanidade acamada e enferma.
Contudo, Deus se faz próximo da humanidade que se encontra prostrada no leito de morte, sem vida e sem esperança. Jesus Cristo, o Filho de Deus Pai, toca na humanidade: “E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu, e ela começou a servi-los” (Mc 1, 31).
Para concluir, Jesus realizou inúmeros milagres e fez silenciar o demônio, autor e divisor da comunidade dos seguidores do Senhor. Para os amigos de Jó, simpatizantes da teologia da prosperidade o sofrimento é castigo de Deus, entretanto, para Jó o sofrimento não é castigo de Deus porque do coração de Deus emana o amor e a cura das as feridas dos nossos corações. Portanto, a enfermidade e a fome são frutos da ganância e do egoísmo do ser humano que esquece que tem o poder nas mãos para destruir a fome e a miséria. Jesus aniquilou para sempre a “febre” que paralisava o ser humano e todos aqueles que se abriram para esta tão grande graça, se puseram a servir os demais com alegria e esperança.
Por Padre Rivaldo Oliveira, CSC