Amado povo de Deus, graça e paz!
Fugindo um pouco da lógica das homilias tradicionais, hoje, celebramos o domingo de ramos da paixão do Senhor. Para Immanuel Kant: “A missão suprema do homem é saber o que precisa para ser homem”.
Para compreender a ação de Deus na história dos homens e das mulheres, só é possível, a partir do edifício da mente e do coração dos sábios pensadores do Oriente Médio, que por vezes, preferiram permanecer no anonimato. Ao esculpirem um vasto acervo da história sagrada do povo de Deus, obras estas, que sobreviveram a todas as eras.
Contudo, será que estamos no ponto ápice para redescobrirmos o valor da oração e da história da mística sagrada? Como é possível que as Sagradas Escrituras ainda toquem a alma e o coração dos homens de hoje? Portanto, redescobrir o que precisamos para ser mais humanos é um ato político e revolucionário de quem muito ama. Diz um salmista: “Que coisa é o ser humano, para dele te lembrares? ” (Sl 8,5).
Na expressão litúrgica de hoje, o ser humano se encontra na aridez de espírito, isto é, vive como se estivesse sido esquecido por Deus: “Meu Deus, Meus Deus, por que me abandonastes? ” (Sl 21). O Deus de Jesus Cristo é o Deus da interioridade; um Deus bondoso que se inclina para escutar o clamor do seu povo.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, recorda-nos, que Deus é fiel às suas promessas. Mas o ser humano se esqueceu dos dons de Deus. Agora, os sumos sacerdotes, os anciãos e as multidões, cujos nomes não sabemos, condenam à morte o Filho de Deus, todos gritam: “Seja crucificado” (Mt 27, 22).
Jesus, o Filho de Deus foi flagelado e zombado pelos malfeitores. Aquele que matou a sede espiritual da samaritana distraída (que simboliza a sede espiritual da humanidade); aquele cuspiu no barro petrificado e ungiu os olhos do cego de nascença (que simboliza a cegueira espiritual da humanidade); aquele que ressuscitou Lázaro do sono profundo da morte (que simboliza a morte espiritual da humanidade)…
Agora, é condenado a morte pela humanidade, é cuspido, é despido das suas vestes e é corado com os espinhos do egoísmo, da maldade humana daqueles que não sabem o que precisa para ser mais humano. Aquele que matou a sede de muitos, agora, sofre na geografia do seu corpo, os flagelos da morte.
Por fim, Jesus é modelo de ser humano por excelência. O Deus que outrora permanecia no seu eterno segredo, se fez carne, se fez humano e divino para que tivéssemos ‘vida e vida em abundância’. Jesus, “fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz nos salvou. Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está cima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai” (Fl 2, 8-11).
Por pe. Rivaldo Oliveira da Silva, CSC
Capelão do Colégio Notre Dame