Pontífice enviou mensagem para cerimônia virtual de abertura que aconteceu na manhã da quarta-feira de cinzas
Foi aberta na manhã da última quarta-feira de cinzas, dia 17 de fevereiro, a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Este ano, o tema da Campanha é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema é “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”.
A abertura foi realizada de forma simbólica e virtual com a divulgação de um vídeo com pronunciamentos de representantes da igreja que compõem o Conic. A Campanha da Fraternidade, realizada pela CNBB anualmente na Quaresma, é realizada de maneira ecumênica em 2021 – ou seja, em parceria com diversas igrejas cristãs.
Este ano, a CFE quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual através do diálogo amoro e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados no amor de Cristo.
A cerimônia aconteceu virtualmente por escolha das entidades promotoras da Campanha como forma de prevenção da COVID-19. De acordo com o bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário geral da CNBB, dom Joel Portella Amado a decisão foi tomada em comum acordo com a diretoria do Conic para “evitar aglomeração nesse momento em que a pandemia assume números que nos assustam”. Dom Joel defende que é preciso “dar testemunho a respeito da importância das medidas sanitárias”, e por isso os recursos tecnológicos foram utilizados.
Para celebrar o início da CFE de 2021 e da Quaresma, o Papa Francisco enviou uma mensagem escrita. Confira abaixo a mensagem na íntegra:
“Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.
Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).
Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim”.
Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.
[Franciscus PP.]
Via: Vatican News (https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-02/mensagem-do-papa-francisco-ocasiao-da-campanha-da-fraternidade.html)