“O Filho e o Espírito Santo vieram em suas próprias Pessoas para ensinar a toda humanidade, mas a missão terrena do Pai estava a cargo de São José…
Só São José, de toda a Igreja, tem a honra de levar o nome de pai do Salvador da humanidade”.
(Meditações do Beato Pe. Basílio Moreau, csc)
A Congregação de Santa Cruz, neste ano de 2020, celebra o 200º aniversário da fundação dos Irmãos de São José, fazendo memória a estes pioneiros da história e missão evangelizadora da Família Santa Cruz.
Tudo teve início com o Padre Jacques Dujarié. Homem simples, honesto, generoso e dedicado, teve em vida todas suas iniciativas tomadas em favor dos pobres, doentes e da educação dos jovens. Tendo sempre em mente esta opção, Dujarié fundou em 1810 a Congregação das Irmãs da Providência e, em 1820, a Instituição dos Irmãos de São José. As duas entidades dedicavam-se, sobretudo, a oferecer instrução e formação religiosa a jovens de origem humilde.
A tradição do culto a São José, que vai inspirar no Irmão André Bessette o desejo de erguer em Montreal-Canadá, um santuário internacional em honra desse Santo, provém do fato de que nosso fundador, Beato Basílio Moreau, ardente devoto de São José, associa à sua obra, composta de Padres Auxiliares, o grupo dos Irmãos de São José, onde os estimulou a alimentar especial fervor em relação a pessoa de São José. Posteriormente Padre Basílio Moreau, congregou as Religiosas formando assim a Família Religiosa de Santa Cruz.
Nesse exemplo, surge o Santo Ir. André Bessette, designado Apóstolo de São José, homem simples, discreto, apagado, Religioso de Santa Cruz. O primeiro de nossa comunidade a se impor perante a atenção universal, não por uma atividade magistral, nem uma brilhante influência intelectual, mas simplesmente pelo que ele foi, junto aos excluídos e esquecidos.
O que chamava atenção era o desenvolver de uma vida, constante testemunho de fidelidade, sem medida ao serviço de Deus, dos seus filhos infelizes e de todos que o sofrimento acometia. Seu povo era formado pelos doentes, desesperados e abandonados. Nele se via a testemunha da esperança, e se recebia da sua pessoa, mais ainda do que palavras, a segurança de que, apesar de tudo, caminhava-se para Deus.
Hoje os Religiosos de Santa Cruz buscam atualizar o significado de São José para a nossa realidade, conhecendo com mais detalhes o próprio São José como operário, esposo, protetor e educador. Refletindo como São José ilumina as questões atuais da família e da figura tão questionada do pai. Sobretudo, como São José nos ajuda a entender facetas novas do mistério de Deus.
São José não nos deixou nenhuma palavra. Entregou-nos seu silêncio e seu exemplo de homem justo, trabalhador, esposo, pai e educador. Falava pelas mãos, na carpintaria; pelos braços, segurando o menino Jesus; pelos pés, caminhando para o exílio no Egito; pelo amor, estando junto de Maria; e pelo cuidado, garantindo o sustento para a Sagrada Família.
Na Sagrada Escritura pouco se fala de José, é apresentado como o filho de Davi, o carpinteiro, pai adotivo de Jesus e esposo de Maria, aparece como uma figura profundamente humana, decidida e que, portanto, sabe arcar com as consequências de suas decisões.
Em Mt 1, 19-20 – “José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”. Percebe-se nesse pequeno relato do Evangelho de Mateus qual tamanha expressão de misericórdia, onde José assume uma jovem grávida cujo filho, ele sabia não era genitor. Recebera a grande missão de educar, nada mais nada menos que o Filho de Deus. José soube assumir com muita dignidade o mistério do Projeto Divino, sendo protagonista do caminho de união entre Deus e o homem. É, portanto, homem de fé; homem que escuta a Deus.
A fé de José se torna produtiva, cheia de frutos. Amou e cuidou da Sagrada Família, ama e cuida da Igreja, dos doentes, dos agonizantes, dos pais, das famílias, enfim, de cada um de nós Família Santa Cruz, que cremos e o temos como patrono. Que a seu exemplo, a fé seja em nós sinal de proximidade a Deus, de nossa pronta obediência, e que assim frutifique em obras de amor e cuidado para com aqueles que mais precisam de nós.
Rogamos, pois, a intercessão de São José para que juntos, numa só família construamos uma sociedade onde reine a justiça e a solidariedade.
Inspirados em seu exemplo, sejamos consolidados e fortalecidos em suas qualidades, sobretudo em seu modelo de simplicidade.
São José, Rogai por nós!
Santo Ir. André Bessette, Rogai por nós!
(Ir. Ronaldo Almeida, csc)