“José, seu esposo, sendo homem justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu abandoná-la em segredo. Enquanto ele tomava essa decisão, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, dizendo: José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado provém do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você o chamará com o nome de Jesus, porque ele salvará o seu o povo dos seus pecados”.
(Mt 1, 19-21)
Como pai, dois momentos, fatos, vividos por José e Maria, nos revelam o perfil de José como pai. O primeiro é a “Fuga para o Egito” narrado segundo Mateus (2,11-13) ilustra a coragem paterna necessária para enfrentar, silenciosa e secretamente, a ameaça do poder tirano dominante. A atitude de José reflete a dedicação e doação dos pais com os filhos ao longo de cada período da história. Na atualidade o sacrifício dos pais pode ser maior porque está em cena a ameaça dos recursos e confortos da tecnologia; em nossos dias, também, existe a organização do comércio ilegal de criancinhas que são sequestradas, contrabandeadas e levadas para outros países.
O consequente retorno a Nazaré também ilustra, comprova a ternura de José como Pai “Quando Herodes morreu, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito, dizendo: ”Levante-se, pegue o menino a mãe dele e vá para a terra de Israel. Porque já morreram aqueles que procuravam matar o menino”. Então ele se levantou, pegou o menino e a mãe dele e entrou na terra de Israel. Mas quando soube que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, ficou com medo de ir para lá. Avisado em sonho, partiu para a região da Galileia. Aí chegando foi morar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora anunciado pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”. (Mt 2,19-23)
O segundo fato que marca a presença paternal de José na vida do menino é o episódio intitulado Jesus entre os doutores no Templo – “Os pais de Jesus viajavam a Jerusalém todos os anos para a festa da Páscoa. Quando ele tinha doze anos, subiram para a festa como de costume. Terminados os dias da festa, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais tivessem notado. Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro, e o procuravam entre os parentes conhecidos. Como não o encontraram, voltaram à Jerusalém à procura dele. Três dias depois o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. […] Ao verem o menino, seus ficaram emocionados. Sua mãe lhe disse: ”Filho, por que fizeste isso conosco? Olha que teu pai e eu estávamos angustiados te procurando”. (Lc 2,40-46.48)
Portanto, são fatos, são momentos marcantes para José como pai na vida do menino Jesus que ilustram e comprovam ou, melhor dizendo, corroboram o título da carta apostólica PATRIS CORDE do Papa Francisco. As palavras de Maria: “teu pai”, dão ênfase a presença de José na vida do menino Jesus.
Como operário, todos os quatro evangelistas, Mt 13,55; Mc 6,3; Lc 4, 22; Jo 6, mencionam que Jesus era “filho do carpinteiro” a mais Coração de Pai faz referência a José “um pai trabalhador, carpinteiro honesto e dedicado que ensinou ao Nosso Senhor sua profissão e a dignidade do trabalho honrado”. A escolha de José como modelo para os trabalhadores concretiza-se quando se torna efetivamente o patrono do trabalhador e a Igreja institui a data de primeiro de maio como Dia do Trabalho. Nesta data, a homenagem a todos os trabalhadores ganha importância e destaque com a suspensão geral de todas as atividades e é marcada com momentos de reflexão a partir de fatos, acontecimentos sociais, históricos que enfatizam o valor do trabalho e a dignidade do trabalhador que começa com o efetivo direito de todos ao emprego na atual conjuntura econômica. A data do dia do trabalho tem no seu ápice as celebrações eucarísticas e ecumênicas em muitos países. No Brasil o feriado do dia do trabalho foi instituído em 1924.
Finalizando o último ponto a ser incluso nesta apresentação é a escolha de São José padroeiro da Congregação de Santa Cruz, mais especificamente dos Irmãos. É importante remeter à nota histórica das constituições:
“Basílio Antônio Moreau fundou a Congregação de Santa Cruz no agitado período que se seguiu à Revolução Francesa. Era um sacerdote da cidade de Le Mans e, para atender na zona rural às necessidades de uma Igreja devastada, planejou a organização de alguns clérigos como “Padres Auxiliares.”
Reunido este primeiro grupo, passaram-se apenas alguns dias e, a pedido do seu Bispo, Padre Moreau aceitou responsabilizar-se pelos Irmãos de São José, que tinham sido fundados há quinze anos por um outro sacerdote da mesma diocese, Tiago Francisco Dujarié, Pastor de Ruillé-sur-Loir. Eram leigos zelosos que buscavam atender às necessidades na área da educação primária nas aldeias da França. A decisão do Padre Moreau de unir esses dois grupos acabou resultando numa insólita aventura na História da Igreja. […] Padres e Irmãos uniam-se numa única associação para responder às necessidades pastorais e educacionais da Igreja da França.”
A devoção à São José foi sempre cultivada ao longo de décadas do crescimento desta família religiosa que através de escritos biográficos, hinários e manuais de orações contínuos foi se tornando conhecido mais e mais como patrono da Igreja universal e da Congregação de Santa Cruz. A data de 19 de março é marcada por vários momentos celebrativos nos colégios, universidades, centros educacionais e nas paróquias não somente da Congregação de Santa Cruz, mas também em todas as (arqui)dioceses.
Sem dúvida o grande propulsor de São José na sua passagem terrena no Canadá foi o Irmão André Bessette, hoje, Santo da Congregação de Santa Cruz.
São José é o padroeiro da Igreja universal e de muitas comunidades presentes não somente em nossa Pátria, Brasil.
Rogai por nós, São José!
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Artigo por Dimas João Lenzi, CSC
Membro do Conselho Consultivo do Colégio Notre Dame de Campinas