Homilia do 2° domingo do tempo comum

Homilia do 2° domingo do tempo comum por Pe. Rivaldo Oliveira, CSC.

“Senhor, fala, que teu servo escuta! ” (1Sm 3,9)

Amados irmãos, amadas irmãs, pela força da natureza, a fineza litúrgica deste segundo domingo do tempo comum nos introduz ao mistério celebrado. Pela força do Espírito Santo, Deus vem nos falar ao coração e nos convocar para uma grande missão. O Deus vivo de Israel faz ecoar dentro da história sua voz: “Então o Senhor chamou: “Samuel, Samuel! ” Ele respondeu: “Estou aqui”. Vale ressaltar que Samuel cujo nome significa “Deus ouve” é fruto da oração e das promessas de Ana ao Senhor (1Sm 1:9-4:11).
Como se vê, o Senhor o chamou por diversas vezes (1Sm 3,3b-10.19), distraído, o jovem Samuel acreditava que o profeta Eli o chamava: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli respondeu: “Eu não te chamei. Volta a dormir” (v. 5). O Senhor o chamou novamente: “Samuel, Samuel! ” (v. 6). Deus não esqueceu das promessas feitas a Ana no templo: “Ana, cheia de amargura, em profusão de lágrimas, orou ao Senhor. Fez a seguinte promessa: “Senhor dos exércitos, se olhares para a aflição de tua serva e de mim te lembrares, se não te esqueceres da tua serva e lhe deres um filho homem, eu o oferecerei a ti por toda a vida, e não passará navalha obre a cabeça” (1Sm 1, 10).
Portanto, Deus fará de Samuel uma grande nação, por meio dele o Senhor fará justiça e realizará milagres dentro da história de Israel. Contudo, a distração e a falta de maturidade de Samuel para perceber o chamado de Deus em sua vida, levou-o a pensar que era o profeta Eli chamando, pois a palavra do Senhor ainda não havia sido comunicada em toda sua inteireza a Samuel.
Aqui, começa o diálogo revelador. O profeta Eli compreendeu que o Senhor estava a chamar por Samuel: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: ‘Senhor, fala, que teu servo escuta! O Senhor veio, pôs-se junto dele e o chamou como das outras vezes: “Samuel, Samuel! ” (vv. 9-10). Samuel recebeu de Deus a missão de preparar o caminho da realeza de Deus no seio da história de Israel. E o Senhor permaneceu com ele e “não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras” (v. 19).
Com efeito, no santo evangelho deste domingo (Jo 1,35-42): João Batista, a voz que faz ecoar a feliz esperança as margens do rio Jordão, proferiu solenemente: “Eis o cordeiro de Deus! ” (v. 36). João Batista, a voz que ecoava no deserto, aponta-nos para o Cristo, o cordeiro de Deus, o Ungido de Deus Pai e, portanto, superior ao profeta Samuel. Se, de fato, Deus realizou milagre na vida da mãe de Samuel, concedendo-lhe um filho na velhice, agora, Deus realizou a aliança definitiva em Cristo para a humanidade.
Em conformidade, os discípulos de João Batista ao verem o “Cordeiro de Deus” deixaram para trás a antiga tradição petrificada e o seguiram. “Eles disseram: “Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras? ” Jesus respondeu? “Vinde ver”. Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele” (v.38). André, Irmão de Simão Pedro, saiu apressadamente ao encontro de Pedro e com o coração em chamas fez a mais bela e profunda profissão de fé: “Encontramos o Messias” (que quer dizer: Cristo). Como se dissesse: encontramos a encarnação do amor de Deus.
Como vimos anteriormente, Deus cumpriu a sua promessa ao conferir um filho varão à profetisa Ana que balbuciava em profunda oração noite e dia na presença do Senhor. E, ainda mais, Deus cumpriu a promessa das promessas: o Cristo, veio fazer morada no oriente da humanidade. Contudo, no evangelho joanino, André, o irmão de Simão Pedro o conduz a Cristo. No Antigo Testamento 1Sm 1, 10 – Ana conduz o seu filho Samuel para Deus. Aqui, André, conduz o seu irmão Pedro a Jesus.
Portanto, ao encontrar-se com Pedro, o Senhor fez com ele maravilhas, olhou nas profundezas do seu coração e fez a mais bela promessa: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: Pedra) – (v. 42). Desse modo, Pedro tornou-se grande diante das promessas de Cristo: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e as portas dos infernos não prevalecerão sobre ela”

Por Padre Rivaldo Oliveira, CSC

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