Artigo (2/4): 1 ano de Fratelli Tutti, por Rivaldo Oliveira

II – O Homem Contemporâneo individualista, egoísta e narcisista

Continuação da nossa série de artigos sobre a Carta Encíclica Fratelli Tutti (veja a última edição clicando aqui):

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O mundo está se tornando cada vez mais uma ilha devido a luta de interesses e o desenvolvimento tecnológico avança assustadoramente. O ser humano contemporâneo ou secularizado está cada vez mais individualista, egoísta e narcisista. 

Percebe-se que o homem contemporâneo vivencia uma grande contradição em si mesmo. Se por um lado ele avança cada vez mais em suas tecnologias de pesquisa e em sua racionalidade, no qual poucos prosperam financeiramente, nota-se, entretanto que o ser humano tem muito ainda o que avançar no que tange às relações fraternas, consciência do bem comum, responsabilidade em desenvolver meios e mecanismos de proteções ao meio ambiente e a nossa Casa Comum.

Neste aspecto, o Papa Francisco escreve sabiamente estas palavras de alerta:

A tecnologia avança continuamente, mas ‘como seria bom se, ao aumento das inovações cientificas e tecnológicas, correspondessem também uma equidade e uma inclusão social cada vez maiores! Como seria bom se, enquanto descobrimos novos planetas longínquos, também descobríssemos as necessidades do irmão e da irmã que orbita, ao nosso redor! ’ (FT 31).

Proficuamente, se faz necessário políticas públicas que visem projetos de uma economia integral, isto é, sem destruir e contaminar o meio ambiente e o lugar por excelência onde habitamos, o nosso planeta terra. De fato, com a exploração dos recursos naturais, bens como, águas e outros recursos minerais são afetados e, como consequência desta falta de cuidado e zelo pelo meio ambiente, as pessoas os mais vulneráveis socialmente são as que mais sofrem com esta destruição ambiciosa dos grandes.

Em consonância a isto, adverte-nos o Sumo Pontífice na Carta Encíclica sobre a fraternidade e a amizade social:

Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos. Mas precisamos nos construir como um ‘nós’ que habita a Casa Comum. Tal cuidado não interessa aos poderes econômicos que necessitam de um ganho rápido. Frequentemente as vozes que se levantam em defesa do meio ambiente são silenciadas ou ridicularizadas, disfarçando de racionalidade o que não passa de interesses particulares (FT 17). 

Neste aspecto, o espírito da competição e a insaciável ambição dos grandes pelos seus próprios interesses individuais sobrepõem ao cuidado e à consciência responsável em zelar pelo bem comum. De fato, a ambição do ser humano leva muitos a atitudes escravocratas em pleno século XXI, no qual percebemos que os que mais estão suscetíveis a esta exploração exacerbada são os idosos, os negros, as crianças e os imigrantes, classes de pessoas que mais sofrem com a mentalidade de exploração sem limites.

Neste sentido, o Papa Francisco ressalta o quanto o sistema capitalista está permeado e fomenta nas pessoas a mentalidade da cultura do descarte; da indiferença frente ao outro; da ganância desenfreada; do consumo sem limites e da destruição da Casa Comum, levando-nos a uma “seleção que favorece um setor humano digno de viver sem limites. No fundo, as pessoas já não são vistas como um valor primário a respeitar e cuidar, especialmente se são pobres ou deficientes” (FT 18). “E, assim, o medo nos priva do desejo e da capacidade de encontrar o outro (FT. n. 41).



Bibliografia: FRANCISCO, PAPA. Carta encíclica Fratelli tutti. Sobre a fraternidade e a amizade social (FT). Roma: Librería Editrice Vaticana, 2020.


Rivaldo Oliveira, CSC



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